quarta-feira, novembro 28, 2007

Pormenor.

Ontem cansei-me. O meu dia cansou-me. Andei a correr de um lado para o outro e no fim fiquei com aquela sensação que detesto, e que tem sido tão frequente, que é a de os dias passarem por mim e eu nem dar por eles... As semanas passam e puffffff...

Temos de combater. Porque, caindo no fait-divers, o tempo não volta para trás.

E por isso é que atento nos pormenores e por isso é que gosto de olhar a vida a sorrir porque há tanta coisa que pode ajudar neste cansaço e que faz com que todos os dias tenham um sabor diferente.

Ao entrar no meu prédio, enquanto me debruçava para não deixar cair o detergente, o correio, a mala, as chaves e ainda um saco, entra um vizinho... Eu subi para as escadas e ele para o elevador... E agradeço pelos elevadores antigos com aquelas grades abertas porque me permitiram disfrutar do momento do dia: ele foi até ao seu andar a cantar: "I want to know, Have you ever seen the rain?I want to know, Have you ever seen the rain? Coming down on a sunny day?" Adorei entrar em casa a sorrir e embalada numa melodia de vida. De experiência.
E aqui vai a homenagem porque vale sempre a pena pensar!

"Someone told me long ago
There's a calm before thestorm,I know;

It's been coming for some time.
When it's over, so they say,
It'll rain a sunny day,I know;

Shining down like water.
I want to know, Have you ever seen the rain?I want to know,
Have you ever seen the rain coming down on a sunny day?
Yesterday, and days before, Sun is cold and rain ishard,I know;

Been that way for all my time.
'Til forever, on it goes through the circle, fast and slow,I know;

It can't stop, I wonder."

sexta-feira, novembro 23, 2007

Fico triste...

Fico triste quando não me dão atenção... Mas acho que isso toda a gente sente, não?
Mais especificamente, não quando não me dão atenção mas quando as pessoas que eu realmente quero que me dêem, não estão nem aí...

Adiante. Descobri que o que me deixa, realmente, triste são as mesmas coisas que me conseguem fazer, realmente, feliz. Acho que na mesma óptica que se diz que há relações de amor-ódio, a minha vida é uma constante ligação felicidade-tristeza.

Tem toda a lógica. São as pessoas, as atitudes que mexem comigo.

Fico triste quando as minhas pessoas estão tristes. Fico triste quando não consigo explicar-lhes que há coisas que não justificam a tristeza delas. Fico triste quando elas me deixam triste.

Por outro lado é bom. Porque é mais fácil sorrir quando nos sorriem e quando querem, de facto, sorrir connosco.

Aquele sorriso embebido numa lágrima salgada, em espécie de amor-ódio.

quinta-feira, novembro 15, 2007

O prometido é devido.

«"Gostas de ver estrelas?" E sem esperar pela resposta: "Achas que as estrelas falam? A minha mãe diz-me sempre que as estrelas não têm boca mas que têm língua e que podemos ler as palavras que elas dizem. É só aprendermos a ler."

E como se aprende? Ou como é que se lê?

"Nascemos a saber. Fecha os olhos e vê: quantas estrelas ouves dentro de ti? Um céu delas, não é? Depois, desaprendemos as estrelas, crescendo. Chegamos mais perto delas mas elas vão ficando mais pequenas - ou, segundo a minha mãe, nós é que vamos ficando mais longe uns dos outros."

(...)

O bom de sonharmos com a criança que fomos é que, no reino dos sonhos, quando o dia nasce, não apaga o que fomos. Desaparecemos, apenas, como as estrelas que caem para dentro do céu.

(...)

Olhei o brilho intenso nos olhos da menina, enquanto ela continuava a olhar - afincadamente, mas sorrindo - o firmamento. E as estrelas que ela tinha nos olhos nasceram nos meus, muito pequenas, muito envergonhadas, muito quentes, e correram-me pela cara até pingar no chão, desfazendo-se num pequeno estilhaço de água e sal.

Desaparecer no céu encerra infinitamente mais ternura do que crescer na mancha ofuscante dos dias, do que crescer para fora da nossa pureza, para fora da nossa idade maior, a infância - para fora da nossa luz da manhã.

(...)» Faiza Hayat

Se transcrevesse todo o artigo para aqui, esta mensagem ficaria gigante. E como a magnitude das ideias que estão escritas não é quantificável pela quantidade de texto, ficam as partes favoritas...

Este artigo traduz aquilo que sinto por elas quando as olho e quando as sinto. Para todos aqueles que nunca perceberam muito bem a minha pancada fica o segredo do sorriso, eternamente, inocente e guardado na melhor fase da nossa vida.

Tento guardar todos os dias um bocadinho desse ser. Que fui. E que serei sempre. Orgulhosa por entender a língua de estrela.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Adorava ter tempo...

Parece que é de propósito mas quando recomeço a minha escrita aparece qualquer coisa para impedir...

Desta vez temos escassez de tempo. Contudo montes de ideias para partilhar e tão pouco tempo...

"Língua de Estrela". Assim que tiver um tempinho conto mais. Obrigada Su.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Viva o Sol!

Pois é, estamos no início de Novembro e nem por isso o Sol nos abandonou. Confesso que isso me dá um alento especial na passagem pelos meus dias. O sol funciona como elixir para o meu sorriso e um bom céu azul ajuda sempre muito mais que um cinzento. A não ser quando nesse cinzento nos é permitido ficar debaixo do edredon bem acompanhados e mais não posso dizer...

Um final de tarde, por certo agora por volta das 16h30/17h e não às 19h, na esplanada da Graça com um conforto quentinho na alma e, melhor!, mesmo na pele. Porque o conforto do calor ainda se sente mesmo. E isso aquece-me também a inspiração e a vontade de viver (escrever).

O Planeta está doente, disso não há qualquer dúvida. Mas a verdade é que enquanto se sente a sua febre no corpo, se sente também as pessoas mais bem-dispostas com a ideia de que o Verão pode chegar ao Natal... Será?

sexta-feira, novembro 02, 2007

Tanto assunto...

Se repararmos bem à nossa volta e não insistirmos em andar de olhos fechados, conseguimos ver que tudo o que nos rodeia é motivo de conversa, ou melhor, de escrita. Pelo menos sujeito de ser pensado.

Há tantos bons assuntos. Eu sei que são fases mas há alturas em que é mais fácil olhar para o lado e ver. A ideia é não passar a vida agarrada ao próprio umbigo. Tudo ganha mais sentido quando é olhado... Pensado... "Sorrido".

Ontem fui ao Zoo. Quem se lembra do miúdo do Jerry McGuire: "Take me to the Zoo!"? Aqueles óculos maiores que a cara e aquelas bochechas fofas a dificultarem-lhe a fala! É essa a sensação.

Calculo que a maioria, a não ser aqueles que têm irmãos mais novos ou até sobrinhos, não vá ao Zoo há muito tempo. Eu lá dentro não sei dizer há quanto tempo não ia. E a primeira coisa que disse quando saí, ainda no espírito de miúda pequena, foi: Amanhã vou escrever uma Composição sobre a minha ida ao Zoo. E cá estou.

A visita começou com uma entrada triunfal onde estava uma velhinha a carimbar as pessoas que entravam. E o que tinha desenhado o carimbo? NADA! Exactamente. Ela apenas carimbava as pessoas com um líquido transparente com um cheiro horrível! Tipo uma acetona forte. Ninguém percebeu. Se alguém me conseguir explicar, agradeço. Será que era um "repelente" só detectado pelos animaizinhos do Zoo? Muito estranho.

Avançámos para a Baía dos Golfinhos. Muito estilo Zoomarine. O espetáculo começou com a exibição de dois leões marinhos muito disciplinados. O ponto alto foi quando um deles dançou um tango com direito à paragem para virar a cabeça ao mesmo tempo que a treinadora. Muito bom. Ainda tivemos direito a que um deles se arrastasse pelas nossas cadeiras, quando, aleatoriamente, as treinadoras levaram os leões marinhos até ao público para distribuírem beijinhos! Um cheirinho a peixe muito agradável! Ou não! Mas ainda consegui dar uma festinha naquele pelinho gorduroso...

A melhor parte veio a seguir. Tal e qual como uma menina pequenina, quando os quatro golfinhos entraram e deram aquele salto no ar, em jeito de boas vindas, os olhos brilharam mais e o sorriso colou-se na cara. Tenho a sensação de não ter pestanejado nem uma vez sequer. São lindos e, mais que isso, são cúmplices dos seus treinadores. Da espécie humana. Claro que dentro da sensibilidade exagerada que me caracteriza, aquela ligação mexeu comigo e o carinho que se podia sentir de onde eu estava sentada, fez-me pensar em cinquenta mil coisas. Não vale a pena alongar-me mas, há coisas realmente belas e valiosas na vida. A paz (de espírito) é uma delas. E a cumplicidade que se pode ganhar, seja com o que for, é um dos motores da minha vida. O conforto de te sentires confortável.

Quando acabou fomos andando. E aí, apesar das grandes diferenças sem dúvida para melhor!, as lembranças de criança voltaram. Aquela sensação de dejá vu permanente. Os tigres ganharam uma casinha nova mas estão muito bem instalados... Os cangurus são pequeninos mas fofos. Os Koalas têm aquele ar de sono constante que parecem uns peluches à espera de um abraço. São os melhores. O rinoceronte também lá estava e havia até um miúdo a gritar: "Oh Mãe está ali o cornudo!" As girafas têm uma cria muito desengonçada mas que atrai as pessoas... E ainda havia pessoas que mesmo com o sinal escarrapachado à frente delas a dizer: "Não alimente os animais!", insistiam em dar uma folhas secas (umas folhas secas onde já se viu!!) só para ver a girafa, e a sua língua enorme, mais de perto. Os leões estavam na sua tranquilidade e o elefante nem vê-lo que não estava para isso. Os célebres macacos, um orangotango maluquinho que foi buscar um bocado de terra e se divertia a mandar para cima da própria cabeça... Leopardos das neves, linces, leopardos "normais", duas panteras (uma negra lindíssima)... Paragem para gelados e amendoíns para os macacos... A célebre jaula do "Cuidado com os seus pertences!" E montes de macaquinhos a correr e a saltar... Os ursos gordinhos também disputavam alguns amendoíns e havia lá uns com umas orelhas muito engraçadas. Depois ainda vimos dois tigres brancos: espetaculares! PINGUINS! E uma foquinha a ir para casa dormir porque entretanto eram 18h e estava na hora de fechar...

Mas foi maravilhoso... Uma tarde relaxada no meio do Jardim Zoológico onde todo o ambiente nos faz pensar. Pensar na alegria das crianças que apontam, correm, riem e fazem caretas a cada nova sensação e cheiro! que descobrem... Mas também pensar que faz pena ver alguns dos animais ali presos... Com o olhar perdido... Mesmo com aquela sensação de quem pergunta: "O que é que estou aqui a fazer?" Claro que é bom para o avanço cientifíco e até para protecção de algumas espécies mas era tão bom que todos pudessem ser livres... Não é isso que todos desejamos?

Fica a descrição e o convite. Porque vale mesmo a pena.