Se repararmos bem à nossa volta e não insistirmos em andar de olhos fechados, conseguimos ver que tudo o que nos rodeia é motivo de conversa, ou melhor, de escrita. Pelo menos sujeito de ser pensado.
Há tantos bons assuntos. Eu sei que são fases mas há alturas em que é mais fácil olhar para o lado e ver. A ideia é não passar a vida agarrada ao próprio umbigo. Tudo ganha mais sentido quando é olhado... Pensado... "Sorrido".
Ontem fui ao Zoo. Quem se lembra do miúdo do Jerry McGuire: "Take me to the Zoo!"? Aqueles óculos maiores que a cara e aquelas bochechas fofas a dificultarem-lhe a fala! É essa a sensação.
Calculo que a maioria, a não ser aqueles que têm irmãos mais novos ou até sobrinhos, não vá ao Zoo há muito tempo. Eu lá dentro não sei dizer há quanto tempo não ia. E a primeira coisa que disse quando saí, ainda no espírito de miúda pequena, foi: Amanhã vou escrever uma Composição sobre a minha ida ao Zoo. E cá estou.
A visita começou com uma entrada triunfal onde estava uma velhinha a carimbar as pessoas que entravam. E o que tinha desenhado o carimbo? NADA! Exactamente. Ela apenas carimbava as pessoas com um líquido transparente com um cheiro horrível! Tipo uma acetona forte. Ninguém percebeu. Se alguém me conseguir explicar, agradeço. Será que era um "repelente" só detectado pelos animaizinhos do Zoo? Muito estranho.
Avançámos para a Baía dos Golfinhos. Muito estilo Zoomarine. O espetáculo começou com a exibição de dois leões marinhos muito disciplinados. O ponto alto foi quando um deles dançou um tango com direito à paragem para virar a cabeça ao mesmo tempo que a treinadora. Muito bom. Ainda tivemos direito a que um deles se arrastasse pelas nossas cadeiras, quando, aleatoriamente, as treinadoras levaram os leões marinhos até ao público para distribuírem beijinhos! Um cheirinho a peixe muito agradável! Ou não! Mas ainda consegui dar uma festinha naquele pelinho gorduroso...
A melhor parte veio a seguir. Tal e qual como uma menina pequenina, quando os quatro golfinhos entraram e deram aquele salto no ar, em jeito de boas vindas, os olhos brilharam mais e o sorriso colou-se na cara. Tenho a sensação de não ter pestanejado nem uma vez sequer. São lindos e, mais que isso, são cúmplices dos seus treinadores. Da espécie humana. Claro que dentro da sensibilidade exagerada que me caracteriza, aquela ligação mexeu comigo e o carinho que se podia sentir de onde eu estava sentada, fez-me pensar em cinquenta mil coisas. Não vale a pena alongar-me mas, há coisas realmente belas e valiosas na vida. A paz (de espírito) é uma delas. E a cumplicidade que se pode ganhar, seja com o que for, é um dos motores da minha vida. O conforto de te sentires confortável.
Quando acabou fomos andando. E aí, apesar das grandes diferenças sem dúvida para melhor!, as lembranças de criança voltaram. Aquela sensação de dejá vu permanente. Os tigres ganharam uma casinha nova mas estão muito bem instalados... Os cangurus são pequeninos mas fofos. Os Koalas têm aquele ar de sono constante que parecem uns peluches à espera de um abraço. São os melhores. O rinoceronte também lá estava e havia até um miúdo a gritar: "Oh Mãe está ali o cornudo!" As girafas têm uma cria muito desengonçada mas que atrai as pessoas... E ainda havia pessoas que mesmo com o sinal escarrapachado à frente delas a dizer: "Não alimente os animais!", insistiam em dar uma folhas secas (umas folhas secas onde já se viu!!) só para ver a girafa, e a sua língua enorme, mais de perto. Os leões estavam na sua tranquilidade e o elefante nem vê-lo que não estava para isso. Os célebres macacos, um orangotango maluquinho que foi buscar um bocado de terra e se divertia a mandar para cima da própria cabeça... Leopardos das neves, linces, leopardos "normais", duas panteras (uma negra lindíssima)... Paragem para gelados e amendoíns para os macacos... A célebre jaula do "Cuidado com os seus pertences!" E montes de macaquinhos a correr e a saltar... Os ursos gordinhos também disputavam alguns amendoíns e havia lá uns com umas orelhas muito engraçadas. Depois ainda vimos dois tigres brancos: espetaculares! PINGUINS! E uma foquinha a ir para casa dormir porque entretanto eram 18h e estava na hora de fechar...
Mas foi maravilhoso... Uma tarde relaxada no meio do Jardim Zoológico onde todo o ambiente nos faz pensar. Pensar na alegria das crianças que apontam, correm, riem e fazem caretas a cada nova sensação e cheiro! que descobrem... Mas também pensar que faz pena ver alguns dos animais ali presos... Com o olhar perdido... Mesmo com aquela sensação de quem pergunta: "O que é que estou aqui a fazer?" Claro que é bom para o avanço cientifíco e até para protecção de algumas espécies mas era tão bom que todos pudessem ser livres... Não é isso que todos desejamos?
Fica a descrição e o convite. Porque vale mesmo a pena.
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