"O mito do quarto minguante
Acordei com vontade de manter-me de olhos bem abertos ao mundo, tentando que a tua sombra nao ofuscasse o meu caminho. Eu tento, todos os dias, que a tua voz não me interrompa a atenção, que os teu olhos não se reflictam na imagem de um mar tumultuoso de Inverno. Pediste-me que te contasse a forma que o teu corpo tem tomado nos meus sonhos... Zangado, de rosto boémio, falas uma língua de bêbedo que me insulta a cobardia. Espetas-me insultos como uma faca no coração e depois partes, a chorar despedidas. E eu, fico sempre à espera do teu perdão solidário, fico à espera inventando formas de contrariar esta história sem fim. Sempre a imaginar-te a afagares-me a culpa.Tudo ficou difícil quando um dia não escolhi o amor.
O amor… Queria tê-lo preso ao meu corpo, que não andasse solto, descalço e sem botões no casaco.
Por isto, por tudo, deixa-me chorar. Deixa que este calor me atravesse e separe todas as partículas do meu sentir. Que me construa um lugar novo para sonhos e eufemismos onde te veja a sorrir mesmo que a dor seja a única que vislumbres. Deixa-me acordar livre ou deixa-me livre para acordar.
Com a certeza de que o sol está para lá do poente a iluminar também, outros olhares."
Breve