terça-feira, dezembro 11, 2007

Prefácio ao ciúme...

“Quem nunca sentiu ciúmes não é filho de boa gente”, dizia noutro dia alguém num programa televisivo a que eu assistia. De facto o ciúme é uma emoção, extremamente comum e universal, que gera um conjunto de sentimentos que podem ameaçar a estabilidade e a qualidade de um relacionamento íntimo importante.
Geralmente o ciúme surge como um reacção perante uma ameaça percebida, onde existe um rival (real ou imaginário) e, como resposta, visa eliminar os riscos da eventual perda da pessoa “amada”. A reacção acaba por ser complexa, pois envolve uma série de mecanismos internos, que podem ser sentidos com maior ou menor intensidade e que se podem traduzir em emoções (ex: raiva, tristeza, medo), pensamentos (ex: ressentimento, culpa, preocupação com a imagem), perturbações físicas (ex: taquicardia, falta de ar, aperto no peito) e comportamentos (questionamento constante, busca obsessiva de confirmações, acções agressivas ou mesmo violentas).
Por ser universal, o ciúme é muitas vezes entendido como um comportamento “natural”, no seio de uma relação, que pode funcionar como uma espécie de barómetro da relação, ou como uma prova de amor que se dá ao outro.
Na verdade quem ama e quem quer o bem do outro, tudo deveria fazer para que o outro se sinta desejado, respeitado, amado. As suas acções e verbalizações deveriam ser voltadas para o outro, demonstrando assim o seu bem-querer. Ora, o ciúme, é uma distorção dessa demonstração de bem-querer, é um comportamento voltado para si mesmo, para quem o sente, para o seu receio de perda e não para o outro, logo, não deve ser considerado como uma prova de amor.
No entanto, quando o ciúme é ocasional e moderado, até poderá servir de alerta, para o casal, como sinal de que o outro não é um dado adquirido e levá-lo a perceber que se deve apreciar, respeitar e valorizar mutuamente.


Marta Crawford

Os meus comentários sobre este sentimento tão estranho vão ficar guardados por mais uns momentos necessários de reflexão. Para pensar.

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